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Arte popular: a cara do Brasil

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Ela reflete o universo cultural da comunidade de onde provém. E é feita geralmente por pessoas de pouca instrução.Porém a despeito de suas singelas origens, a apreciação da arte popular cresce em todas as camadas sociais e foi o módulo mais visitado da mostra dos 500 anos.

Segundo Roberto Rugiero diretor da Galeria Brasiliana , especializada no assunto, o conceito de arte popular abrange não somente a pintura e a escultura mas também algumas modalidades do artesanato,como o lúdico (Brinquedos) , o utilitário (cestaria, bordados, cerâmica), o étnico (peças indígenas) e o artístico . Este aliás se constitui numas das mais ricas e interessantes facetas da arte popular, pois , mesmo sendo repetitivo ( uma das características do artesanato) tem uma qualidade tão alta que se confunde com a obra de arte. Certos ceramistas do Jequitinhonha, os presépios de Taubaté e os adereços de Bumba-meu-boi são exemplos de artesanato artístico.

“O que mais se cria no Brasil é arte popular”. Afirma o galerista, – “no entanto o melhor dessa produção raramente chega aos grandes centros, já que é consumido na própria região de origem”.

Embora presente em todo o país é possível assinalar alguns pólos onde a concentração é mais intensa ,Juazeiro do Norte (CE), e o Vale do Jequitinhonha (MG) , Tracunhaém e Caruaru (PE) , São Félix e Cachoeira (BA) , Cuiabá (MT), Parnaiba ( Pl), Belém (PA), são alguns desses pólos.

“Na América Latina México e Brasil são os países onde a arte popular atinge os patamares mais elevados, mas ela está presente em toda parte, em todos os países,pois é parte da identidade nacional de cada um”- afirma o expert. Entre nós por força de mestiçagem de culturas, etnias e raças, a diversidade de estilos predomina, marcada por uma certa rusticidade ,que para Rugiero pode ser um dos sinais da autenticidade. “A boa arte popular tem algo de indomado, de selvagem”- diz ele. “Na pintura, e mesmo na escultura, o mercado está inundado por trabalhos bem acabados, que não tem valor algum. É a chamada arte naife, um maneirismo esperto e mal intencionado, que contribui para embaralhar as coisas, colocando lado a Lado o que é autêntico e o que não é”.

Rugiero entende que o auge dessa pintura, que o auge dessa pintura, que ele prefere chamar de popular,mas também acha correto dizer primitiva ou ingênua, foram as décadas de 70 a 90, quando atuavam grandes artistas, como Chico da Silva, Licidio e Bajado no Nordeste, José Coimbra em Minas, José Antônio da Silva, Ranchinho e agostinho B. de Freitas em São Paulo, Miriam no Rio de Janeiro, Antônio Poteiro em Goiás, Eli Heil em Santa Catarina, João Pilarski no Paraná, e outros. Hoje o Panorama é mais Nordeste, mas ainda assim se destacam nomes como Zica Bergami ( que aos 87 anos continua a ser um dos melhores desenhistas do País ), Waldomiro de Deus, Vicente Ferreira ( pintor e forroseiro), Suene de Oliveira Santos do Paraná e Sergio Vidal ( realista popular carioca), Ernani Cortat do Espirito Santo , Isabel de Jesus e o recentemente falecido Edson Lima . “Para mim o melhor pintor da atualidade é o cuiabano Nilson Pimenta, com seu inesgotável repertório de imagens e de assuntos, um artista que não se repete nunca.”, declara o galerista.

Na escultura Rugiero destaca o mineiro Jadir João Egídio – “o único santeiro da atualidade que não se destaca pelo Barroco”. Cita também Roberto de Almeida, revelação de Mato Grosso, intérprete talentoso da fauna pantaneira. O pernambucano Zé Lopes, com seus bonecos, é outro artista destacado, ao lado de Nino do Crato, Tota da Paraíba e Lafaete Rocha do Paraná.

Mais o que Rugiero classifica “o mais promissor veio” são os trabalhos de certas tribos indígenas, como os Mehinaku, os Kamaiurá, os Tapirapé e os Kuikuro. Esses índios confeccionam bancos e gamelas em madeira que são na verdade esculturas utilitárias.