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O defunto era menor

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Alcides Pereira - Bichos - 100x200cm

Alcides Pereira – Bichos – 100x200cm

Há um discurso recorrente de curadores à serviço de um esquema monopolista no mercado de arte popular insistindo em que esta tem de ficar sob o guarda-chuva protetor do movimento contemporâneo, se quiser ser aceita, sacralizada, e valorizada no alegre festim que parece animar atualmente os negócios.

Alguns nomes conhecidos, tanto de curadores, como de artistas, passaram a oferecer carona para os mestres populares. Bem, é preciso corrigir, nem todos os ungidos são mestres. Outro dos objetivos dessa marquetagem é glamurizar alguns artesãos menores através de curadorias supostamente especializadas, bulas laudatórias, e alta dosagem midiática..Esses formadores de opinião explicam, por A + B, que estamos frente a frente com um Michelangelo caboclo, um artista inaugural, uma tremenda descoberta, embora diante de nossos olhos se apresente apenas um pedaço de pau, uma raizama insignificante, um pouco canhestra e sem jeito em sua tentativa de ancestralidade e minimalismo.

Nossa opinião é que essa comparação com os contemporâneos é um equivoco e não engrandece nem um pouco os populares, cuja expressão é algo direto, visceral, uma arte que cada vez surpreende mais por sua excelência, fruição e extrema liberdade — em contraste com boa parte da arte contemporânea, crescentemente incompreensível, subjetiva, enredada em fórmulas, e distanciada da capacidade de entendimento da humanidade comum.

Para os comensais desse animado jantar, os artistas populares não estão com roupa adequada para se sentar à mesa. Segundo o catecismo monopolista e o credo de certos curadores, a Arte Popular não tem força para se impor sozinha, precisando entrar de mãos dadas com as figuras carimbadas do circuito. Para nós é exatamente o contrário.

A tentativa de arranjar às pressas uma roupa emprestada para que os novos postulantes possam franquear a severidade dos seguranças e se acomodar à mesa, falha na medida em que talvez não tenham vestido as roupas certas. Há uma expressão corrente que diz “o defunto era maior” quando alguém se apresenta mal ajambrado, em indumentária maior do que o seu manequim. No caso, pior ainda, o defunto é menor.