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A arte do Jequitinhonha

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O Nordeste do Estado de Minas Gerais é considerada a região mais pobre do Brasil. Ou melhor, era. Na atualidade essa região, onde uma vegetação do semi-árido se alterna com o remanescente de Mata Atlântica, foi descoberta pelos megaplantios de eucaliptos, o cultivo de bananas por empresas francesas, e a acelerada mineração. Um novo surto econômico vem alterar uma situação que perdurou por séculos: os homens trabalhavam nas lavouras do Estado de Goiás, ou mesmo nas colheitas de cana no território paulista, enquanto as mulheres, muitas delas, dedicavam-se à confecção de peças artesanais e artísticas, tirando do barro algumas das mais expressivas peças da arte popular mineira. Ficaram célebres, e hoje alcançam preços elevados, artistas como Noemisa, Placedina, Ana do Baú, Ulisses e Isabel Mendes. Entretanto, no Vale continuam a surgir talentos, a fluir uma produção que ainda mantém uma vigorosa autenticidade, como o trabalho da extraordinária Zezinha, hoje, reconhecidamente, uma das grandes criadoras da cerâmica no Brasil.

Mas Zezinha não está só. Há nomes expressivos, como Irene, Rita Gomes, Luisa e Josefina.

Peças artesanais de grande beleza são criadas por essas mulheres simples: vasos e filtros antropomórficos, gamelas zoomorfas, as famosas “cirandas” e peças descritivas, geralmente com temas ligados ao trabalho ou à família. Essas peças, ainda que coloridas, não utilizam tintas industriais em sua confecção, mas unicamente o barro, de diferentes matizes, que, quando queimado, adquire coloração semelhante à tinta, confundindo muitas pessoas. Os filtros e as moringas, por exemplo, podem sem utilizados sem qualquer perigo de contaminação, pois estão isentos de produtos químicos. A técnica de colorir com o próprio barro chama-se “engobe” e é empregado desde que a humanidade começou a produzir seus primeiros utensílios.

A Brasiliana tem, além dos trabalhos artísticos propriamente ditos de Zezinha, Irene e Rita Gomes, possui peças artesanais escolhidas com muito gosto nos principais ateliês do Jequitinhonha.