Os leilões estão ocupando um espaço constantemente dilatado no mercado de arte. Muitos donos de galeria acham que esse processo é irreversível e só tende a aumentar. Outros opinam que são tantos que vão acabar por cansar. O fato é que os leilões de arte e antiguidade são atrativos para o público. Entre outros motivos, porque de fato há boas oportunidades em relação a preços: grande parte das obras são vendidas por valores inferiores aos pedidos em galerias.

Depois, porque há um sabor de jogo, de disputa, nos lances. Mexe com a adrenalina, tem um pouco de bingo, de afirmação de poder. Mas os leilões nem sempre são confiáveis em relação à veracidade dos lances. Há muitos coelhos para serem tirados magicamente de cartolas. Quem garante que houve mesmo lances iniciais, usados pelos leiloeiros para obter de cara um valor de saída? Quem garante que os lances telefônicos são de verdade? Quem é aquele sujeito lá no fundo do salão que levanta o dedo para quase tudo? Quem é o misterioso arrematante, identificado apenas por um número, que dá a palavra final naquela obra que pareceu não provocar entusiasmo em ninguém? São mistérios que apenas o leiloeiro, o homem do pregão, conhece, por isso é preciso que se tenha muita confiança nele. É fácil blefar. Por essa razão não é incomum uma obra “ser vendida” num leilão e aparecer em seguida em outro, na mesma cidade ou em outra.